Meados de 1999, eu, com oito anos de idade começava o meu primeiro curso de informática. Sim, essa palavra que você acha bem velha quando ouve. Informática.
Eu já havia adquirido experiência no uso dos computadores na loja da minha mãe. Ela tinha um no escritório da loja, no segundo andar, que não usavam para nada. Sinceramente, acho que eu era a única pessoa que sequer ligava aquele computador. Mas em casa não tínhamos um. Ninguém era familiarizado com isso na época.
Os cursos de informática eram meio que obrigatórios até pouco tempo. Nele você aprendia o básico do sistema operacional, criava planilhas e aprendia a editar documentos no Word. Era praticamente tudo o que você já faz por osmose ao conviver com a sua família utilizando um computador.
Eu iniciei o meu já sabendo mais da metade das coisas que eles ensinavam. Se listar o que eu aprendi de verdade, tudo se resume em algumas fórmulas do Excel e como usar um WordArt. Isso eu não sabia.
Completado o curso, com duração de seis meses, minha mãe achou que era hora de eu ter o meu próprio computador. Isso é difícil em uma família grande como a minha, eu tenho um irmão mais velho e duas irmãs mais novas, mas até que funcionou porque eu era o único interessado em informática.
Em um primeiro momento, ela disse que não me daria um computador novo, mas sim um usado para eu começar os estudos e, caso eu me comportasse, eu ganharia um novo.
Depois de dias de pesquisa, encontramos um a venda no jornal por um preço bem legal. Lembro da configuração até hoje: Um 486dx com 16MB de RAM e HD de 1,9GB. O monitor, um SyncMaster de 14 polegadas, era suficiente para me entreter por horas. Este foi meu companheiro por um bom tempo. Estraguei ele dezenas de vezes, comprei revistas do manual do hardware para aprender como consertá-lo e fui efetivo em 98% das vezes.
Nele, além de ter aprendido o básico de hardware, comecei a me interessar por programação. Aprendi um pouco sobre lógica e comecei a criar páginas em html. Foi o início de tudo.
Depois de muitas Revistas do CD-ROM e de ter destrinchado o Windows 95 de todas as formas possíveis, chegou a hora de ganhar um computador novo. Aporrinhei minha mãe um bocado de vezes dizendo que o computador que eu tinha já não dava mais, que estava muito velho e já não era possível instalar a maioria dos programas que eu “precisava”. Ela, novamente, disse que me daria um usado porque não valia a pena comprar um novo.
Fomos a caça e, depois de alguns dias, chegou a hora de buscar o brinquedo. Um AMD K6-II com 128MB de RAM e 40GB de HD. Isso, em 2001, era uma configuração razoável. Foi o suficiente para completar meu curso de programação, web design e design gráfico.
Esse foi o último computador que a minha mãe me deu. Foi o que me acompanhou por muito tempo até eu comprar um computador novo.
Dias desses li este texto do Edney, onde ele fala do primeiro computador e do quão grato ele é ao pai dele por tê-lo ajudado a adquirir. Pensei comigo que nunca agradeci a minha mãe por ter me incentivado desta forma. Por ter me apoiado tanto no que eu gostava de fazer. E pensei também que ela nunca cumpriu a promessa de me dar um computador novo se eu me comportasse.
Será que eu não me comportei bem? Bom, não importa.
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